Bússola Estudantil

Jornal escolar da Escola Secundária de Loulé

“Será possível, através da conciliação dos ideais de Rawls, Nozick e Sandel, a criação e organização de uma sociedade justa?”

No âmbito do Clube de Filosofia, vários alunos divulgaram os seus ensaios sobre os princípios gerais que devem estar presentes na base de uma sociedade justa. Neste artigo publica-se o ensaio do aluno Miguel Costa.

3.1 (Problema): Será possível, através da conciliação dos ideais de Rawls, Nozick e Sandel a criação e organização de uma sociedade justa?
3.2 (Tese): Apenas se, e só se for feita a conciliação dos ideias de Rawls, Nozick e Sandel, se então criará uma sociedade justa.

A.1 São notáveis os trabalhos para tentar alcançar um sociedade justa, tanto de Rawls, que toma uma mentalidade mais tolerante acerca do como se manterá um sociedade ideal e justa; o trabalho de Nozick, com uma visão mais privativa acerca de bens e valores; e de Sandel, com as suas críticas notáveis ao trabalho de Rawls.

Existe contudo, uma falha presente nas três visões dos filósofos anteriormente referidos. O mundo é um contingência, não tolerando desta forma os ideais extremistas e radicas de Rawls, Nozick e Sandel. Sendo desta forma, absolutamente crucial a criação de um consenso entre as mentalidades de cada autor.

A.2 A criação de uma sociedade justa, começa sempre pelo ensino. Onde lá, as faixas etárias mais novas construirão as suas bases e princípios para a vida. Para atingir tal, tal como Rawls, partirei de “equidade”. Terminologia esta, que difere de igualdade, visto que igualdade é a atribuição de bens e de valores de forma comunitária, ignorando e descartando as características e fardos que cada membro da comunidade carrega.

Deste modo, aposto na criação de escolas, universidades e centros de apoio ao aluno com ajuda personalizada para integrar ao máximo as características que cada membro da sociedade em si carrega

A.3 Para atingir tal nível de ensino, recorrerei ao princípio da diferença de Rawls. Nesse princípio, diz-se que são admissíveis desigualdades a níveis sociais e económicos, desde que seja beneficiado as faixas menos avantajadas da sociedade. Existe contudo, uma desvantagem no princípio da diferença de Rawls. Onde serão atribuídas recompensas monetárias aos mais desfavorecidos em forma de impostos provenientes das partes da sociedade mais avantajada. Suporto desta forma Robert Nozick, que constata que impostos são formas de roubo e violam os direitos à liberdade e à propriedade. Contudo, não é minha intenção de “abandonar” os mais desfavorecidos.

A minha visão de impostos não reside não só em forma de bens como o dinheiro, mas principalmente de valores. Novamente recorro ao ensino, desta vez, por parte das comunidades vais avantajadas da sociedade, para divulgar de que forma ascenderam na carreira, para que de certa forma, ensinem aos mais pobres, a “pescar o próprio peixe”, ao invés de lhe ser diretamente atribuído, descartando qualquer tipo de noção de trabalho árduo e dedicação que o “peixe” representava

A.4 Segundo Rawls, uma sociedade justa parte de uma população que em si carrega o fardo do “véu de ignorância”, população esta que parte da sua posição original, desconhecendo qualquer característica que possuem como religião, etnia, até a própria identidade e lugar no mundo, mas também do meio que os rodeia, para que desta forma, esta população crie as bases de uma sociedade de forma justa e imparcial. Contudo, esta visão é utópica, pois é impossível existir uma sociedade sob o “véu de ignorância”, não passando apenas de uma sociedade baseada em estatísticas e uma média de uma população.

Tomo, assim, partido da crença de Michael Sandel, onde eu e Sandel, escolhemos não ver meras estatísticas, mas sim pessoas! Será apenas assim, atendendo e recorrendo às especificidades e fardos que cada membro de uma sociedade possui, que atingiremos não uma sociedade igualitária, mas sim, equitativa.


Texto de :
Miguel Costa
10.ºE (2022/2024) | Clube de Filosofia da ESL

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