Será possível afirmar ou negar seguramente a existência de um Deus teísta?
Texto de Laura Castilho da turma J do 11º ano, produzido no âmbito da disciplina de Filosofia, ministrada pelo professor Hélder Lourenço.
Não, pois existem argumentos que comprovam a sua existência ao mesmo tempo que existem argumentos que contrariam a sua existência. Deste modo, assumo a posição de agnóstica.

Em primeiro lugar, e começando pelo porquê da existência de um Deus teísta ser implausível, é necessário abordar o problema da existência do mal no mundo.
É evidente que no nosso mundo existem males gratuitos ou não justificados, ou seja, os males que não trazem qualquer benefício para as pessoas e que acontecem sem aparente motivo. Ora, sendo o Deus teísta sumamente bom, omnipotente, omnisciente e omnipresente, este tipo de males não poderia existir, uma vez que Deus teria a capacidade de os evitar. Logo, é provável que Deus não exista, uma vez que a sua existência contradiz com a existência de males gratuitos no mundo. Creio, por exemplo, que o facto de existirem crianças inocentes a morrerem diariamente em guerras, vítimas da fome ou de doenças implacáveis são provas de que Deus não é um ser perfeito, o que é contraditório às qualidades de um Deus teísta.
Para além disso, não considero que a teodiceia ou o teísmo cético justifiquem a existência de males gratuitos no nosso mundo. Isto porque não é necessário haver mal para que possamos entender o que é o bem, da mesma forma que não temos como saber se um mundo sem males seria possível se Deus efetivamente existisse.
Em contrapartida, existem também argumentos que conseguem justificar a existência de Deus. Primeiramente, considero que ao longo das nossas vidas estamos sujeitos a experiências idílicas e algumas vezes impecáveis e improváveis, que se assemelham com verdadeiros milagres. Exemplo disso são os casos de pessoas que têm acidentes de carro e que saem completamente ilesas dos mesmos. Assim, não posso ignorar o facto de que esses eventos de certa forma demonstram a existência de uma força maior que os seres humanos, e que, por conseguinte, tem a capacidade de interferir nas nossas vidas, alterando o rumo e o destino das mesmas. Logo, se existem eventos que se assemelham com verdadeiros milagres e que nem as leis da ciência às vezes conseguem explicar, o Deus teísta poderá efetivamente existir, ao ser omnipotente, mostrando o seu poder através destes milagres.
Seguidamente, penso que não podemos negar seguramente a existência do Deus teísta, pois, partindo da experiência e da observação do funcionamento do mundo, é evidente a existência de uma cadeia causal de acontecimentos no mesmo. Deste modo, concordo com o argumento cosmológico, na medida em que nos diz que Deus é a causa incausada de tudo o que existe no mundo. Tudo no nosso mundo acontece por alguma razão, mas penso que precisa de existir uma primeira razão que originou todas as outras.
Apesar de acreditar também na ciência e nas suas explicações para a origem da vida e do universo, como é o caso da teoria do Big Bang, considero que a formação do universo teve que ser causada por um elemento superior. Tudo teve que começar por algum lado, e a existência de Deus pode ser a explicação para isso.
Por fim, penso que também não nos é possível negar seguramente a existência de Deus, uma vez que o nosso mundo é formado por elementos complexos e que, por sua vez, demonstram que é necessário termos sido criados por um ser inteligente e perfeito, por exemplo.
No entanto, considero que a existência de um Deus teísta também não pode ser seguramente afirmada, uma vez que os últimos dos argumentos que apresentei, sendo eles o cosmológico e o do desígnio, são ambos alvos de críticas que conseguem explicar o porquê de não serem coerentes e de o Deus teísta não existir.
O argumento cosmológico pode ser refutado na medida em que não sabemos se é sequer necessária apenas a existência de uma única causa. Isto porque pode haver várias primeiras causas, e estas podem não ser o Deus teísta. Por outro lado, o argumento do desígnio pode ser refutado através da teoria evolucionista de Darwin. Podemos não ter sido criados por Deus e apenas ter evoluído de outra espécie já existente, por exemplo.
Em suma, considero que não temos como saber se o Deus teísta efetivamente existe, sendo assim agnóstica. No entanto, para finalizar, resta apenas dizer que, dada a importância que a Religião tem no funcionamento da nossa sociedade, todos devemos tentar encontrar a nossa relação com Deus, garantindo também a tolerância religiosa e o respeito mútuo pelas diferentes crenças.