Deus existe?
Texto de Mariana Costa da turma H do 11º ano, produzido no âmbito da disciplina de Filosofia, ministrada pelo professor Hélder Lourenço.

A meu ver Deus não existe e é uma invenção do ser humano para justificar as suas ações e se sentir seguro.
Não há provas empíricas, nunca ninguém viu Deus, então como podemos afirmar que ele existe? De acordo com o argumento teleológico, o mundo assemelha-se a uma máquina, as máquinas foram inventadas por seres inteligentes, logo o mundo foi criado por um ser superior, Deus. Este argumento recorre a uma analogia, logo é fácil de o refutar, nada nos diz que o criador tenha sido Deus, é apenas uma suposição. Apesar de o mundo se parecer a uma máquina, nada diz que o mundo tem um fim, nem um propósito.
De acordo com o argumento cosmológico, existe uma relação entre causa e efeito infinita, todas as causas têm de ter uma causa, mas tem de haver uma causa primeira, esta causa é Deus, Deus é a causa incausada. Mas isto é uma falácia e há uma contradição, pois diz que tudo tem uma causa, mas que Deus é a primeira causa e nada o antecede. Mas também nada nos garante que a primeira causa é Deus, logo, este é outro argumento fraco.
Já o argumento ontológico usa o próprio conceito de Deus, ele é omnipresente, omnisciente, omnipotente, sumamente bom e, se ele existe na nossa mente, também tem de existir na realidade, pois ele é perfeito. Mas, a meu ver, a existência não é uma qualidade, é apenas algo que permite que Deus tenha atributos, como ser omnipresente. Este argumento passa do conhecido para o desconhecido e não nos permite verificar a existência de Deus. Todos os argumentos a favor da existência de Deus são facilmente refutados e postos em causa, se não há provas da existência de Deus, não podemos afirmar que ele existe.
O argumento do problema do mal constitui, sim, um bom argumento válido e que eu defendo. Se Deus é omnisciente, sabe que o sofrimento existe. Se ele não o sabe, então não poderá ser omnisciente. Se ele sabe que o sofrimento existe e não o consegue parar, então não é omnipotente. E se ele sabe que o sofrimento existe e não o quer parar, então não é sumamente bom, logo, essa criatura existente não pode ser Deus, pois Deus é perfeito. Os teístas defendem que Deus criou o mundo e o mal está nos seres humanos. Mas, se Deus criou os seres humanos, porque não escolheu apenas dar-lhes atributos bons, porque deixa as crianças sofrer? Os teístas respondem, dizendo que estes lesados serão recompensados numa vida futura. Mas, se ele é sumamente bom, a meu ver, dar-lhes-ia essa recompensa sem ser necessário sofrimento. Os teístas defendem também que o mal está nas pessoas e que são estas que causam sofrimento, não Deus, mas um veado foi eletrocutado e morreu, que culpa tem ele? É apenas um animal inocente, porque é que Deus não fez nada para o proteger? A minha opinião é que Deus não fez nada porque ele não existe. Porque é que esperamos que algo aconteça, se essa coisa não existe, pois, se existisse e fosse perfeito, como afirmam, as catástrofes naturais, o sofrimento dos inocentes, nada disto aconteceria.
Um outro argumento é o argumento do apostador, de Pascal. Este afirma que é melhor acreditar em Deus do que não acreditar. Temos quatro hipóteses. Ou acreditamos em Deus e ele existe mesmo e somos recompensados numa vida futura depois da morte, ou acreditamos em Deus e ele não existe e, aí, apenas perdemos algumas horas na igreja e prazeres mundanos, ou não acreditamos em Deus e ele não existe e, aí, desfrutamos a vida, ou não acreditamos em Deus e ele existe e, aí, estamos condenados ao inferno. Por isso, devemos maximizar os ganhos e minimizar os riscos, sendo acreditar em Deus a melhor aposta. Mas, a meu ver, se acreditarmos em Deus por ele ser a melhor aposta, isto não será apenas por interesse e egoísmo, não estaremos assim, à mesma, condenados ao inferno por sermos interesseiros? E este argumento também não nos dá provas de que Deus existe, todos estes argumentos não passam de suposições, sem bases sólidas que sustentem a existência de Deus.
Em suma, tendo em conta todos os argumentos apresentados, considero que não podemos afirmar que Deus existe, apenas podemos ter crença na sua existência, mas não passa disso. Se ele fosse o ser perfeito que dizem ser, o mundo seria diferente, mais bonito e sem injustiças. Se não há provas, então o julgamento não pode ser a favor de Deus, apenas contra a sua existência. Será então mais fácil acreditar que ele não existe e focarmo-nos na nossa existência, pois, nós, sim, somos reais, e encontrarmos então um propósito válido para a nossa existência.